História de Valladolid
Apesar do indício da existência de assentamentos paleolíticos, Valladolid não começou a ser um núcleo de povoação até a chegada da Idade Média. Acredita-se que o nome "Valladolid" tenha origem nas tribos pré-romanas que dominaram esta zona, como o Valle del Lid.
Origem de Valladolid
Para conhecer a origem de Valladolid, temos de remontar ao ano 200 a.C., de quando datam os primeiros assentamentos na zona. Os primeiros que habitaram o território do que é atualmente Valladolid foram os vacceos, que fundaram um povoado chamado Pintia.
Esse grupo não nômade chegou à Península Ibérica a partir do norte da Europa e deixou importantes vestígios em Padilla de Duero, uma localidade de Valladolid que hoje abriga um sítio arqueológico dedicado aos vacceos.
A fundação da cidade
Junto à Iglesia de la Antigua de Valladolid foram encontrados restos arqueológicos de uma antiga vila romana que data dos séculos I, II e III d.C. Além disso, várias escavações feitas perto da rua Santiago revelaram mosaicos romanos de grande valor.
No entanto, a fundação de Valladolid como a cidade que conhecemos hoje em dia não chegou até o ano 1074, quando o rei Alfonso VI doou a Plaza Mayor ao Conde Pedro Ansúrez. Esse nobre impulsionou seu desenvolvimento de acordo com os privilégios e franquias concedidas pelos reis de Leão e Castela.
Depois da fundação de Valladolid, o Conde Ansúrez ordenou a construção da Iglesia de la Antigua, um dos símbolos de Valladolid.
Valladolid na Idade Média
Desde a invasão muçulmana da península até o século X, Valladolild e toda a Ribera de Castilla viveram um longo período de despovoação, que foi progressivamente melhorando até princípios do século XI.
Em 1208, Valladolid foi incorporada na corte de Alfonso VIII e se converteu no centro cultural de Castela obtendo um rápido crescimento, favorecido neste caso pelos privilégios comerciais concedidos pelos reis Fernando III, Alfonso X e pela rainha e regente María de Molina.
Graças a uma bula outorgada pelo Papa Clemente VI, em 1346 foi criada a Universidade de Valladolid, uma das primeiras da Espanha.
Várias décadas depois, a Audiência de Castela instalou-se em Valladolid. Em 1412 foi decretada a segregação dos judeus e foi criado um bairro específico para eles, o "barrio nuevo", hoje desaparecido, mas que se localizava no coração da atual Valladolid.
Acontecimentos históricos em Valladolid
Os séculos XVI e XVII foram fundamentais na história de Valladolid. No dia 19 de outubro de 1469 os Reis Católicos celebraram seu matrimônio secreto no Palácio de los Vivero de Valladolid.
Depois de o Tribunal de Chancelaria se estabelecer em Valladolid, chegou a Inquisição, dando lugar à celebração de famosos autos de fé na Plaza Mayor.
Um dos personagens ilustres de Valladolid foi Cristóvão Colombo, que passou aqui os últimos anos da sua morte até o ano de 1506.
Ao conquistador se seguiu o escritor espanhol mais famoso de sempre: Miguel de Cervantes. O célebre escritor foi viver para esta cidade para escrever as suas novelas mais conhecidas, entre elas o Quixote, publicada pela primeira vez em Valladolid no ano de 1604.
Valladolid, capital da Espanha
No ano de 1601, a história de Valladolid deu uma volta inesperada. Com o aval de Felipe III, o Duque de Lerma conseguiu trazer a Corte de Madrid para Valladolid. De 1601 a 1606, Valladolid se converteu na capital do Império. Neste período, a cidade ganhou importância a nível internacional e por suas ruas e praças passaram os autores mais célebres da corte espanhola, como Góngora, Quevedo ou o citado Cervantes.
Em 1606 a capital se mudou para Madrid. A perda da Corte trouxe uma grande mudança para a cidade, se iniciando uma época de decadência da qual apenas se recuperaria nos meados do século XIX.
Industrialização
Valladolid foi ocupada pelos franceses em 1808 e liberada pelo exército a mando de Wellington, em julho de 1812. Em 1856 foi fundado em Valladolid o jornal espanhol "El Norte de Castilla".
A chegada da ferrovia, em 1860, foi o primeiro passo para que a cidade se industrializasse. Nesse ano possuía 43.350 habitantes e, desde então, o seu crescimento foi lento, mas contínuo.
Por volta de 1900, o comércio de farinha e de têxtil, as fábricas de soldagens e de papel e o tratamento do algodão, permitiram o nascimento de uma classe social abastada. Os mais ricos tinham suas casas nas ruas de Miguel Iscar e Acera de Recoletos e essas ruas são a prova do passado glorioso de Valladolid. Essa época de esplendor também é marcada por Don Miguel Íscar, o prefeito mais lembrado pelos "vallisoletanos", como são chamados aqueles nascidos na cidade.
Da guerra civil aos anos 60
Na guerra civil, Valladolid foi um dos 12 centros militares e, por isso, foi bombardeada pelo exército republicano.
Ao acabar a guerra houve a instalação de grandes fábricas na cidade: Nicas em 1939, Fada, Endasa, Tafisa e, sobretudo a Fasa Renault em 1953 e a Sava em 1957, provocaram um crescimento demográfico e urbano significativo.
O forte desenvolvimento dos anos 1950 gerou a Valladolid a maior perda de patrimônio urbano da Espanha. No centro antigo da cidade, edifícios, conventos e, inclusive, palácios da época renascentista foram derrubados para dar lugar a blocos de apartamentos que modificaram o centro da cidade.
Valladolid na atualidade
Hoje Valladolid é uma cidade moderna de 298.000 habitantes e que olha para o futuro com esperança. Os seus eventos mais famosos, a Seminci e a Semana Santa, atraem todos os anos milhares de visitantes, que acabam por se apaixonarem pela cidade graças ao seu patrimônio e à sua famosa gastronomia.